O caso do ciclista e a guerra rodoviária

junho 15, 2011

Antes de tudo, vale ler o texto publicado pelo site VÁ DE BIKE! (http://vadebike.org/2011/06/por-que-nao-foi-acidente/). Não vou entrar em detalhes sobre o caso, mas para quem ainda não sabe, no último dia 13 de junho, o ciclista e presidente do conselho administrativo da Lorenzetti (essa mesmo, famosa por seus chuveiros), Antonio Bertolucci, morreu após ser atropelado por um ônibus. Bertolucci tinha 68 anos, foi atendido pelo SAMU mas não resistiu.

Relevando a discussão se a morte do ciclista foi ocasionada por um acidente (dizem que ele caiu da bicicleta antes de ser atingido) ou foi um atropelamento (os ativistas defendem que o ônibus bateu em sua bicicleta desequilibrando-o) as ruas do país estão cada vez mais perigosas. Seja para ciclistas, pedestres ou até mesmo outros motoristas. E é fácil resumir tudo isso a uma simples causa: falta de educação de todas as partes!

Em Brasília, existe uma lei (e cultura) de respeitar os pedestres que estão atravessando nas faixas. Sim, qualquer veículo deve parar quando uma pessoa sinaliza que quer atravessar a via. Mesmo sendo muito mais prático utilizar a faixa do que esperar a fila de carros passar, quantas e quantas vezes não vejo pedestres atravessando fora do local apropriado? Vale acrescentar que, apesar de louvável, a faixa de pedestres é a única coisa porcamente respeitada pelos motoristas da capital federal. Motoristas que ultrapassam pela direita e os que não deixam a faixa da esquerda livre para ultrapassagens. Os que fazem conversões proibidas, que fazem retornos em cima de passeios e canteiros centrais e os que cruzam as largas avenidas da cidade sem utilizar pistas de aceleração e desaceleração. Vê-se de tudo nesse lugar! E não é fácil estender essas características para outras cidades do país (não vou falar de outros países porque não os conheço).

Viajo muito de carro, dirijo durante boa parte do meu dia e, assim, já vi toda forma de imprudência pelas ruas do Brasil. Já andei muito de transporte público antes de ter carro. Por tudo que vi não é difícil de acreditar que o motorista do ônibus de turismo tenha realmente atropelado o ciclista. E ainda sou tentado a adicionar um “de propósito” no final da frase anterior. Você aí que anda de ônibus municipal já não presenciou o motorista, sacolejando os passageiros, avançar sinais vermelhos e fazer curvas que parecem que o veículo irá tombar? E os que, ansiosos para que o semáforo abra, ficam acelerando e freando o veículo num ciclo que tende a um transtorno compulsivo?

Lembro de uma vez, em que, nas minhas idas e vindas para a faculdade, sentado na janela, vi algo parecido com o caso do ciclista paulista. O motorista ultrapassou um desses catadores de material reciclável que humildemente e pacientemente puxava seu pesado carrinho ao final de um dia de trabalho. Foi um ato totalmente sem piedade algum com o homem que já aparentava uma idade avançada. O sujeito, que se diz motorista, fechou o pobre coitado e parte do carro que puxava ficou agarrado com a grande roda do ônibus que começou a chacoalhar, subir descer e, por fim, jogar o trabalhador no chão. Ah, claro que isto tudo ocorreu mesmo com os gritos apreensivos de todos os passageiros que assistiam a cena.

Vai dizer que o motorista, habilitado numa categoria D, com todos os espelhos retrovisores que um veículo de transporte público possui não viu (não viu???) o sujeito? Viu sim! Francamente… Viu tanto que depois da gritaria, ele parou o ônibus, desceu e foi xingar o atropelado. Então não me surpreenderia se fosse verdade que o sujeito que dirigia o ônibus de turismo na periferia paulista não apenas viu o ciclista como após vê-lo sentiu um ímpeto suficiente para ameaça-lo e atropela-lo! O que temos são pessoas incapacitadas fisicamente e psicologicamente para dirigir máquinas perigosas nas ruas e estradas.

Motoristas de ônibus são imprudentes por dirigirem um veículo grande que dificilmente se amassa e põe medo nos outros. Os de caminhão e afins também. Motoristas de automóveis são imprudentes por dirigirem veículos pequenos e ágeis que acham que podem passar em qualquer cantinho e ultrapassar facilmente os outros. E nisso tudo, todos nós ficamos no meio de uma guerra violenta.

E de uma guerra violenta em que nunca ninguém, mas ninguém mesmo é punido…

Obs: vale ler os comentários do site citado.


km rodados

outubro 1, 2009

Há algum tempo atrás, mais precisamente no dia 07 de junho de 2009, tirei uma foto do hodômetro do veículo que uso, como brincadeira pelos números “cabalísticos” do momento.

177.000 km!

06072009

Sim. Um carro um tanto rodado para ser 2006.

No dia 10 de agosto, praticamente dois meses depois, lembrei da foto acima e resolvi tirar outra para comparar. Eis o resultado:

08102009

182.000 km!

Como um bom engenheiro, aí vai umas continhas básicas:

  • 10/08 – 07/06 = 64 dias = 1.536h = 2 meses e 3 dias
  • 182.000 – 177.000 = 5.000 km
  • Percorri 5.000km em 2 meses! O que dá uma média de 2.500 km/mês!
  • Ou algo em torno de 83,33 km/dia
  • Se eu continuasse nesse ritmo, percorreria 30.000 km/ano.
  • Para se ter uma idéia, o Brasil tem apenas 7.491 km de costa. Daria para passar em todas as praias do país 4 vezes de norte a sul!
  • O planeta Terra tem 40.075,16 km na linha do Equador. Eu poderia fazer uma volta ao mundo em 1 ano
  • Considerando uma velocidade média de 60km/h, passei 42 horas de cada mês no trânsito. Ou 5% do meu tempo dirigindo.
  • Ok! Eu estava em São Paulo! Cidade dos engarrafamentos! Vamos considerar 40km/h e esses números vão para 62,5h, ou seja, passei 8% do meu tempo parado no trânsito!

Detalhe: Todos esses 2.500km rodados foram dentro da grande São Paulo.

Viva a vida moderna!

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